sábado, 11 de junho de 2011

Aborto III - Aborto de Repetição



Depois do segundo aborto, disse para mim mesma: CHEGA!!!
Fui em busca de um Ginecologista especializado em Reprodução Humana, que até hoje é um anjo que Deus enviou pra mim!
O primeiro conselho que ele me deu foi me prevenir até diagnosticarmos as causas dos abortos, eu estava me prevenindo com preservativo, mas infelizmente por obra não sei de quem e intervenção não sei do que eu engravidei neste meio e perdi pela treceira vez.
A investigação se iniciou com uma conversa sobre as semanas de gestação que perdi, as formas com que ocorreram e à partir daí ele me passou os exames a fazer.
Vou falar um pouquinho sobre aborto de repetição para que entendam melhor do que estou falando.
O aborto de repetição é caracterizado quando há perda de três gestações seguidas, com o mesmo parceiro. Se a mulher tem mais de 35 anos, dois abortos em sequência já podem indicar o problema. O aborto pode ocorrer até a vigésima semana de gravidez, mas normalmente ocorre antes de completarem 12 semanas, no meu caso foi com 8, 6 e 5 semanas respectivamente. Cerca de 0,5% dos casais sofrem com esta dificuldade, pois é, fui me encaixar bem nessa porcentagem.
As causas dos abortos de repetição podem ser das mais variadas, e pode uma pessoa apresentar até mais de uma causa, são elas:

  1. Causas genéticas;
  2. Causas uterinas;
  3. Causas imunológicas;
  4. Causas autoimunes;
  5. Causas hematológicas;
  6. Causas hormonais e infecciosas.
Causas Genéticas: Estas são as causadas pelas alterações cromossômicas, que inviabilizam a vida. Alterações na estrutura ou no número dos cromossomos podem ser causadas ao acaso ou induzidas por uma alteração de cromossomos dos pais. Aquelas que ocorrem ao acaso não são repetitivas, são as causadoras de abortos ocasionais que estão dentro do percentual de 10% de todas as gestações. Aquelas herdadas dos pais é que se enquadram na repetitividade. Todo abortamento, mesmo que seja o primeiro, deverá ter o material eliminado analisado. O habitual é realizar o estudo microscópico do material curetado, juntamente com um exame genético, que poderá demonstrar a causa mais comum de perda gestacional. Dependendo da alteração, os pais deverão ser estudados. O exame solicitado aos pais é o cariótipo. Este mostrará a estrutura e o numero dos cromossomos. Se este resultado é anormal, um aconselhamento genético deve ser feito, para que o especialista em Reprodução Humana possa calcular a incidência do problema em futuras gestações. A alteração cromossômica é uma das causas mais complicada de abortamento. Se o casal tem translocação balanceada, o risco de transmiti-la de forma não balanceada para o feto é de 25%. É um índice elevado, uma vez que em cada quatro gestações uma apresentará a alteração. Como não há tratamento que consiga modificar a genética, a única saída é partir para a fertilização assistida com a doação de óvulos ou de espermatozóides, dependendo do lado que venha o problema.


Causas Uterinas: Alterações da cavidade uterina podem impedir o crescimento da gestação. Existem malformações da cavidade uterina que são incompatíveis com a evolução de uma gravidez. Patologias como os miomas, pólipos e processos inflamatórios também podem agir desta forma. O exame para avaliação da cavidade do útero é a histeroscopia, onde é possível ter a visão direta da cavidade uterina. Em geral, os abortos mais tardios estão relacionados com malformações uterinas, como o útero didelfo (dois úteros formados por dois cornos uterinos e dois colos), o útero bicorno (dois corpos uterinos em um só colo), o útero septado (com um fenda na cavidade uterina) e incompetência cervical. No meu caso realizei uma Histeroscopia após o terceiro aborto e foi diagnosticado sinéquias uterinas, as sinéquias uterinas ocorrem principalmente como conseqüência de processos infecciosos intra-uterinos ou após procedimentos cirúrgicos, como a curetagem uterina. As sinéquias estão também associada a alterações da capacidade reprodutiva, manifestada por infertilidade ou mesmo abortamento habitual.


Causas imunológicas: Uma gestação é formada pela junção de partes do componente genético do marido com partes da mulher. O feto formado a partir de então será um ser com constituição imunológica diferente do pai e da mãe. Quando uma gravidez se instala, o feto passa a fazer parte do organismo da mãe, como um órgão transplantado. Habitualmente, quando o sistema imunológico entra em contato com um corpo estranho, desenvolve anticorpos específicos. Mas, durante a gravidez, o sistema imune 'tolera' esta situação. E um mecanismo ainda desconhecido faz com que o sistema imunológico não rejeite a gravidez. Quando o organismo rejeita a gravidez, esse tipo de aborto se chama alo-imune, e o problema deve ser identificado e tratado antes da mulher engravidar. A genotipagem, ou seja, a pesquisa genética, mostra se há compatibilidade entre marido e mulher. Quanto maior for a compatibilidade genética, maior o risco de aborto. O ideal é que os dois sejam bastante incompatíveis, do ponto de vista genético. O tratamento do problema consiste em sensibilizar a mãe com os antígenos do marido por meio da infusão de leucócitos paternos antes da gravidez, para que ela crie anticorpos e reconheça o embrião quando for implantado em seu útero, já que ele carrega características genéticas do pai. Nem todos os especialistas aceitam esse tipo de tratamento, questionam em como ficará a imunidade da mulher após o tratamento.

Causas autoimunes: Existem casos em que o indivíduo pode desenvolver anticorpos contra os próprios tecidos ou órgãos, esta alteração dá origem às doenças autoimunes, como o lupus sistêmico. Muitas mulheres podem ser assintomáticas durante a vida normal, mas no momento de uma gravidez podem exacerbar este problema, vindo a desenvolver uma desta síndromes. O mecanismo pelo qual o organismo induziria o aborto se explica pelo acúmulo destes fatores, causando alterações da coagulação, trombose das veias da placenta e mau funcionamento do tecido placentário. Há a possibilidade, por meio de exames de sangue de detecção das alterações autoimunes. O tratamento, normalmente, se baseia no uso de anticoagulantes. Mas, para cada alteração há uma indicação terapêutica própria.

Causas hematológicas: Alterações dos fatores de coagulação do sangue podem aumentar na sua intensidade diante de situações hormonais especificas. Durante a gravidez, com a modificação hormonal do corpo, o sistema de coagulação pode se modificar. Se uma mulher tem esta tendência ou deficiência poderá desencadear uma trombose placentária, o que levará a um desenvolvimento diminuído do feto ou mesmo morte fetal, com conseqüente abortamento. O diagnóstico deste problema é feito por uma série de testes de coagulação. O tratamento pode englobar desde a prescrição de aspirinas até o uso de anticoagulantes injetáveis. Esse foi um outro diagnóstico nas minhas investigações, a pessoa que o tem a deficiência de aticoagulantes no sangue é portadora de Trombofilia, mas quero abrir um tópico mais pra frente para falar somente sobre isso, pois nem todos os médicos solicitam a pesquisa desta deficiência, e quando ela é tratada desde o início da gestação pode-se evitar muitas complicações.

Causas Hormonais e Infecciosas: Estas são causas, que durante muitos anos, foram as únicas para explicar a origem dos abortamentos. Toxoplasmose, brucelose e outras infecções podem ser consideradas como causadoras de um aborto, mas nunca da repetição destes. A doença, na sua forma ativa, pode provocar aborto, mas após a cura, não deixa seqüela que faça a repetição das perdas.
Os hormônios também são comumente apontados como causadores do abortamento. As deficiências na ovulação e na produção de progesterona levam à dificuldades ou à impossibilidade de engravidar. Para que uma gravidez se instale é necessário um índice hormonal adequado, produzido pelo ovário, estimulado pela placenta. É por incrível que pareça eu também tenho deficiência na produção de Progesterona na fase após a ovulação do ciclo menstrual, ou seja, sou prova viva de que podemos ter mais de uma causa para os abortos de repetição, por isso é tão importante investigar todas, e não parar quando encontramos a primeira.

 Devido a ser um novo campo de estudo entre os Médicos, ainda existem situações em que não é possível estabelecer a causa de uma perda gestacional repetida, e nesses casos infelizmente temos que nos cercar de todos os lados quando engravidarmos e pedir aos céus que abençoem nossas gestações.

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